O Esplar reúne professoras, professores, gestoras e gestores para debater a convivência com o semiárido, a agroecologia e o direito à água.
Paulo Freire questiona em Pedagogia da Autonomia: "Em favor de que/quem estudo? Contra que/quem estudo?". A educação tradicional, que se autoproclama "neutra", pode fazer com que essas perguntas pareçam sem resposta. Mas, reflita: contra quem está a escola que ensina que o semiárido é um lugar de flagelo e pobreza, quando, na verdade, habitamos um bioma rico e diverso?
As oficinas de educação contextualizada realizadas pelo Esplar em julho de 2024 reuniram 150 pessoas da comunidade escolar, advindas das instituições beneficiadas pela construção da cisterna escolar em Caucaia, Beberibe, Horizonte e Aquiraz. A mediadora dos momentos pedagógicos, Amanda Sampaio, convidou professoras, professores, gestoras e gestores a repensarem o semiárido e o acesso à água.
A educação contextualizada gera a reconstrução da visão de mundo para que estudemos a favor de nós mesmos e do nosso cotidiano, assim como reflete Carla Galiza, coordenadora do Programa de Cisternas da SDA no Esplar:
As oficinas foram muito ricas, abordando temas que muitos participantes não traziam para o debate nas escolas. Isso fortaleceu o entendimento da educação contextualizada, focando no desenvolvimento de conteúdos pedagógicos que consideram a realidade local e os dados relevantes para cada contexto”.
Neste processo, duas temáticas se destacam, a diferença entre o combate à seca e a convivência com o semiárido; e o entendimento das cisternas e do acesso à água como um direito conquistado a partir da mobilização social. Amanda Sampaio comenta este processo no relato de experiência produzido para a partilha.
Entender que a cisterna escolar é muito mais do que uma obra de construção civil foi um dos elementos trabalhados de forma central dentro das Oficinas. Afinal, a cisterna de placa foi pensada e é proposta também como um instrumento de Educação para a Convivência com o Semiárido. Na escola, a cisterna pode ser vista e trabalhada de forma transversal em todos os conteúdos escolares trazendo reflexões e leitura crítica da realidade dos estudantes e do meio onde vivem” - observa a mediadora.
A convivência com o semiárido desafia a visão de que a seca é um problema a ser superado. Em vez de almejar outro lugar, uma mentalidade que muitas vezes leva ao êxodo rural, essa proposta promove a permanência, aliando inovação tecnológica, valorização da biodiversidade e preservação ambiental.
Durante as oficinas, os participantes criaram cordéis inspirados nos conteúdos discutidos. Confira alguns trechos abaixo:
Cordel 01
“A cisterna na escola veio para somar pela garantia de direitos para tudo melhorar
Informação divulgar e ao mesmo tempo capacitar
Para água de boa qualidade armazenar
Precisamos cuidar e preservar para nunca faltar e várias famílias beneficiar
Com a educação contextualizada, a vida do Semiárido melhorar”
Cordel 02
“Valorizar nosso território é parte dessa educação
que é tão importante para a nossa missão como agentes de mudança e transformação
Transformação que gera vida, vida em educação
Essa é a nossa missão”
Cordel 03
“O Semiárido é diverso do solo a vegetação
As árvores na natureza estão em constante transformação
E o ser humano vem dizer da importância da conscientização
Podendo assim desenvolver o cuidado à preservação na educação
Estudando e se educando a ser um bom cidadão
Construindo a educação, através da contextualização”
ESPLAR - Centro de Pesquisa e Assessoria. ©Copyright 2024. Todos os direitos reservados.
Usaremos cookies para melhorar e personalizar sua experiência se você continuar navegando. Podemos também usar cookies para exibir anúncios personalizados. Clique em EU ACEITO para navegar normalmente ou clique aqui e saiba mais sobre a nossa Política de Privacidade e nossa Política de Cookies.