
Em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio, destacamos a iniciativa pioneira no Brasil.
"Piranga", que significa "vermelho" em Nheengatu (Tupi moderno), é um jogo educativo inspirado na atividade "semáforo do toque" que estabelece noções fundamentais de respeito, privacidade e segurança para crianças indígenas de 3 a 10 anos. Desenvolvido pelo Projeto Tucum: A Força da Resistência Indígena em parceria com a Mandalla Comunicação, o jogo foi distribuído para aproximadamente 48 escolas indígenas do Ceará.
A ferramenta didática, lançada em agosto de 2024, representa um importante recurso na prevenção do abuso sexual infantil. O jogo apresenta situações hipotéticas que incentivam estudantes do ensino infantil e fundamental a identificar comportamentos inadequados e aprender como combatê-los e denunciá-los, respeitando suas particularidades culturais.
"Piranga" é a primeira de uma série de três ferramentas educacionais desenvolvidas para promover diálogos sobre violência contra mulheres e meninas nas escolas indígenas.
Esses jogos foram concebidos para estimular o desenvolvimento de habilidades por meio de atividades interativas que integram movimento, toque e audição, adaptadas a cada faixa etária. Além disso, eles incentivam o pensamento crítico e ensinam as crianças a se protegerem das diversas formas de violência presentes em seus cotidianos e nos diferentes espaços que frequentam", explica Magnólia Said, diretora do Esplar.
Celina Lima, uma das professoras que aplicou o jogo Piranga em sua turma, compartilha a experiência:
Trabalhamos o jogo Piranga com a importância de que cada criança aprendesse na prática sobre a importunação sexual. Reunimos a turma, onde nós, professoras, falamos sobre as partes do corpo e que cada pessoa tem que respeitar o ser humano, a mulher, a criança."
A educadora faz parte da equipe da Escola Indígena Anama Tapeba em Caucaia, que juntou algumas turma para aplicar a atividade. Ela destaca como o jogo possibilita romper barreiras de comunicação sobre um tema tradicionalmente difícil de abordar:
Durante a realização do jogo, notamos que algumas crianças, ao se depararem com os nomes de alguns órgãos genitais, ficaram apreensivas. Nós, professores, asseguramos que elas podiam falar sem medo, porque estávamos discutindo situações em que, como crianças, elas deveriam impor limites às pessoas, aos adultos, em relação ao toque".
A dinâmica começa com cada criança recebendo materiais de desenho para indicar, individualmente, as partes do corpo que podem ou não ser tocadas. Em seguida, são sorteadas bolas verdes, amarelas e vermelhas, junto com cartões que descrevem situações de toque associadas a cada cor.
As crianças então constroem coletivamente o "semáforo do toque" nos corpos representados no banner do jogo, conferindo as respostas que cada uma marcou em seu próprio desenho. Cada cor tem um significado específico:
Os próximos dois recursos da série estão em fase final de produção e serão direcionados a estudantes indígenas do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, ampliando o alcance dessas discussões para outras faixas etárias.
O Projeto Tucum é fruto de uma colaboração entre as organizações Esplar e Adelco, com financiamento da União Europeia. Em 2024, a iniciativa alcançou o seu último ano de execução, marcando esse período com diversas ações voltadas para o fortalecimento das populações indígenas no Ceará.
Entre essas ações, destaca-se também o Seminário Preparatório para a Semana Diana Pitaguary, que reuniu 91 mulheres da comunidade escolar indígena em sua quarta edição no ano passado.
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