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As sementes distribuídas pelo governo costumavam chegar com meses de atraso. Através da janela de sua casa, Dão olhava com tristeza para aquilo que sempre foi sinal de alegria para ele, a beleza do céu dominado pela escuridão das nuvens e a chuva que caía intensamente. Era um sentimento que contrastava com a vontade de voltar para o campo, que levou dentro de si durante toda a juventude. “Eu nunca me acostumei com a cidade. Estava acostumado com a terra. Quando chovia, me dava aquela saudade. Aqui no Poço Escuro, a gente era livre. A minha vontade era essa. Voltar para onde eu nasci”, relembra Dão, que foi morar na sede do município de Acarape com oito anos para poder estudar.
A vontade de retornar às origens persistiu até que chegou a oportunidade de ter sua própria terra. Zacarias Avelino Chaves, pai de Dão, era membro da Associação do Mamoeiro, responsável por articular o financiamento da propriedade que hoje é a comunidade Poço Escuro. Dão assumiu o compromisso e mudou-se para a região, em 2007. “Nós tivemos três anos de carência para começar a pagar, mas já tínhamos vindo para cá. Tem nove anos que pagamos e doze que moro aqui”, conta Dão. No começo, tudo era mato. A terra estava abandonada há 20 anos. Dão e os outros pioneiros precisaram desbravar o local. No primeiro ano, viveram em barracas, sem energia elétrica, à luz de lamparina.
Com a construção da casa e chegada da energia elétrica, ainda havia o problema do acesso à água. “Tinha muita dificuldade de água. No começo, a gente ia buscar água em um açude que tem aqui perto. Com a chegada da cisterna melhorou tudo”, afirma Dão. Após dois anos vivendo no Poço Escuro, Dão foi agraciado com a construção de uma cisterna de primeira água por meio do projeto São José. De lá para cá, foram 10 anos lutando para ter água e sementes para produzir. Por isso, quando chegou a proposta de aderirem à terceira etapa do Programa Sementes do Semiárido para a implantação de uma asa de Sementes em Poço Escuro, Dão não pensou duas vezes antes de aceitar a ideia.
Durante as capacitações promovidas pelo programa, Dão e seus companheiros refletiram sobre os males dos agrotóxicos e os riscos das sementes transgênicas. Também foi construída pelo programa uma cisterna de produção na terra de Dão, que a batizou de “segunda mãe”. “Se não tivesse a cisterna não seria possível fazer o canteiro. A gente até tentou antes, mas o cheiro-verde não cresceu por falta de água. Agora, eu planto cheiro-verde, cebolinha, alface, quiabo, acerola, jerimum, milho. E eu vou incluir mais outras plantas. Mamão, cana. De tudo eu vou plantar um pouquinho. Eu quero fazer um quintal produtivo bem beleza para chamar a atenção de quem venha aqui”, planeja.
A guarda das sementes sempre foi uma tradição para a família de Dão, que cresceu vendo o pai e os tios guardarem as sementes para plantar no ano seguinte. “Meu pai guardava a semente no paiol ou pendurada na beira do fogo. O paiol era feito de palha ou de vara. Colocava cinza por cima. Às vezes, colocava uma vara em cima do fogão e colocava a semente em cima para pegar a fumaça, assim não tinha perigo de ficar ruim”, explica. A inauguração da Casa de Semente fortalecerá o resgate das sementes crioulas na comunidade Poço Escuro e dará segurança e liberdade para os 20 associados investirem em sua produção. “A casa de semente sem dúvida vai ser uma das melhores coisas que o Poço Escuro vai ganhar. Nós vamos resgatar não só as nossas sementes antigas como vamos ter a semente na hora certa de plantar. Daqui para frente, a gente vai ter a semente na hora certa”, comemora.
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A vontade de retornar às origens persistiu até que chegou a oportunidade de ter sua própria terra. Zacarias Avelino Chaves, pai de Dão, era membro da Associação do Mamoeiro, responsável por articular o financiamento da propriedade que hoje é a comunidade Poço Escuro. Dão assumiu o compromisso e mudou-se para a região, em 2007. “Nós tivemos três anos de carência para começar a pagar, mas já tínhamos vindo para cá. Tem nove anos que pagamos e doze que moro aqui”, conta Dão. No começo, tudo era mato. A terra estava abandonada há 20 anos. Dão e os outros pioneiros precisaram desbravar o local. No primeiro ano, viveram em barracas, sem energia elétrica, à luz de lamparina.
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A guarda das sementes sempre foi uma tradição para a família de Dão, que cresceu vendo o pai e os tios guardarem as sementes para plantar no ano seguinte. “Meu pai guardava a semente no paiol ou pendurada na beira do fogo. O paiol era feito de palha ou de vara. Colocava cinza por cima. Às vezes, colocava uma vara em cima do fogão e colocava a semente em cima para pegar a fumaça, assim não tinha perigo de ficar ruim”, explica. A inauguração da Casa de Semente fortalecerá o resgate das sementes crioulas na comunidade Poço Escuro e dará segurança e liberdade para os 20 associados investirem em sua produção. “A casa de semente sem dúvida vai ser uma das melhores coisas que o Poço Escuro vai ganhar. Nós vamos resgatar não só as nossas sementes antigas como vamos ter a semente na hora certa de plantar. Daqui para frente, a gente vai ter a semente na hora certa”, comemora.
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