A prática de trançar os fios de linha em delicadas peças de artesanato as mulheres crocheteiras de Nova Russas dominam desde a infância, mas agora querem elas mesmas mostrar e vender seu trabalho, sem depender dos atravessadores que ficam com a maior parte do lucro no comércio.
Para isso, elas têm viajado até as grandes feiras populares da agricultura familiar, mostrando aos visitantes o que as mulheres de sua localidade são capazes de produzir. Maria Bezerra Magalhães, mais conhecida como Marinete, é uma das crocheteiras do grupo Flores do Campo, formado por 18 artesãs da comunidade Pereiros, e foi escolhida como representante na Feira Cearense da Agricultura Familiar.
Ela e uma integrante de outro grupo de mulheres, o Moarti, Agricultoras e Artesãs de Irapuá, viajarão mais de 300 quilômetros para vender as peças no evento, que acontecerá em Fortaleza, do dia primeiro a três de julho, no Parque de Exposições César Cals (Av Sargento Hermínio, 2677, bairro São Gerardo)
Desde o planejamento da venda, até o acabamento das peças, as crocheteiras de Pereiros trabalharam juntas, dividindo entre elas o trabalho de confecção das toalhas de mesa, das saias e chapéus. Em suas casas, elas fazem crochê todos os dias, conciliando o tempo com a labuta doméstica e com a agricultura. As artesãs levam, em média, uma semana para finalizar uma toalha grande, que é vendida a R$ 40, o preço que consideram justo para compensar o tempo dedicado, o material e a participação nas feiras.
Devagar, mas juntas
Este grupo de mulheres foi formado há cerca de quatro anos, para receber as oficinas do Projeto Educação Para a Liberdade, realizado pelo Esplar com financiamento da ONG We World. O projeto orienta a produção agroecológica nos quintais das mulheres e rurais e incentiva a comercialização, tanto das frutas e hortaliças, quanto das manufaturas.
Antes, as crocheteiras produziam individualmente por encomendas ou repassavam o crochê para revendedores por preços muito baixos. Ao conhecer como funciona a Economia Solidária, explicada em cartilha e oficina do Esplar, viram que o comércio coletivo, organizado por elas mesmas de forma justa e colaborativa é uma alternativa melhor.
Tiveram a primeira experiência com a venda direta na Feira Regional da Agricultura Familiar de Crateús, em maio. Ainda que não tenham vendido todas as peças, a experiência foi positiva. Marinete lembra que as pessoas se admiravam com o crochet ao saber que as peças eram feitas à mão.
“É bom a gente estar no meio do povo vendo que o que nós estamos produzindo o povo está e comprando”, sorri. “A gente decidiu que, além das feiras, sempre que alguém for a uma viagem ou um passeio vai levar os produtos do grupo para vender. Toda oportunidade que tiver a gente vai aproveitar”, planejam elas.
“Esperamos que o nosso grupo continue levando nossos produtos para feira, para ver se a gente livra dos atravessadores, que não dão valor ao nosso trabalho. Temos que continuar forte em nosso grupo. O que a gente planeja dá certo”, Maria Aparecida de Oliveira, agricultora e artesã do Grupo Flores do Campo.
Você pode ver o artesanato em crochê no estande da Feira Cearense da Agricultura familiar, de 1° a 3 de julho. Parque de Exposições César Cals (Av Sargento Hermínio, 2677, bairro São Gerardo)
Contatos
Grupo Flores do Campo – artesanato em crochê. Telefone e WhatsApp: (88) 992531056
Grupo Moarti, Agricultoras e Artesãs de Irapuá. Telefone: (88) 992619761
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