Estudantes de Nutrição pesquisam como acesso à água proporcionou segurança alimentar no Semiárido

29/05/2023 23:21:28

Receber estudantes, pesquisadores e pesquisadoras interessados/as em conhecer projetos sociais desenvolvidos pelo Esplar no meio rural é uma tradição na história da ONG, por isso acolhemos, na tarde do dia 26 de outubro, oito graduandos do curso de Nutrição da Universidade de Fortaleza, juntamente com sua professora, Suziane Martins Vasconcelos.

Letícia Gomes, Emanuel Uchôa, Hermens Linhares, Rafael Leitão, Yara Teixeira, Vicente Falcão, Aline Medeiros e Karine Dutra estão perto de se graduar e realizam estágio em Saúde Coletiva. No encontro com Malvinier Macedo, diretora adjunta do Esplar e presidenta do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará, o grupo conversou sobre a construção de cisternas para armazenar água em casas da região Semiárida e o reflexo disso na redução da fome.

O grupo estuda o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PLANSAN), documento da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional, onde a disponibilidade hídrica é apontada como desafio para que toda a população brasileira, especialmente a parcela que vive em extrema pobreza, tenha o que comer. “Aqui a gente entende como funciona o Plano na prática, como assegurar os direitos do próximo e conhece pessoas que lutam por isso”, disse a estudante Letícia Gomes.

Malvinier faz parte do Esplar há trinta anos e explicou a missão da ONG desde sua fundação. “Nossa prioridade sempre foi o mundo rural. O Esplar enveredou nesse caminho de lutar por um planeta sadio, por inclusão social, principalmente para as mulheres, e por fazer agricultura sem danificar o meio ambiente”. Falou também sobre o trabalho desta entidade contra os transgênicos, os agrotóxicos e uso inadequado dos recursos naturais. Ao longo de 42 anos, o apoio financeiro de organizações humanitárias internacionais e, mais recentemente, do poder público tornaram possíveis os projetos do Esplar na assistência técnica agroecológica para famílias agricultoras; em promoção da igualdade de gênero; em educação ambiental em escolas e em formações sociais e políticas em comunidades rurais.

Reforçando a ideia de que a “água é segurança alimentar”, Malvinier conta a história da criação da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) e do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), que levou cisternas de placas para as famílias residentes no Semiárido rural. Em nove estados, entidades da  sociedade civil formaram redes em defesa da população rural e, no Ceará,  foi fundado o Fórum Cearense pela Vida no Semiárido. Com recursos do Governo Federal e de parceiros não governamentais, a ASA construiu milhares de reservatórios de água, as chamadas cisternas de placas, nas casas de agricultores e agricultoras familiares. O Esplar atuou, de 2001 a 2013, como  Unidades Gestoras Regionais (UGM) em diversos municípios cearenses.

Menor orçamento e maior mobilização social

Malvinier alertou os estudantes sobre os cortes de orçamento para programas sociais que estão acontecendo com os ajustes fiscais no Governo do presidente Michel Temer e as consequências disso para a população mais pobre. “Água e alimento são direitos fundamentais e , com esse desmonte da agricultura familiar, há o perigo de ficarem sem assistência. A sociedade civil não pode se desmobilizar, principalmente no que diz respeito aos direitos das pessoas”.

Suziane Vasconcelos, professora do curso de Nutrição na Unifor, conhece a atuação do Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido. Nesta visita ao Esplar, que atualmente integra a coordenação do Fórum, a professora falou aos seus alunos e alunas dos períodos de estiagem vividos no Nordeste e o “flagelo da fome”, que obrigava as pessoas a saquear armazéns do Governo em busca de comida. Nas últimas décadas, as políticas públicas de convivência com o semiárido, como o Programa Um Milhão de Cisternas, permitiram que a população mais vulnerável aos períodos de seca armazenasse água para beber e para plantar. “Se existe o Programa Um Milhão de Cisternas, foi a sociedade civil que começou. Estes projetos mudaram a condição de vida das pessoas”, disse a educadora. Ela defende que os futuros nutricionistas e demais profissionais de Saúde, devem ter o compromisso social de “fomentar nas pessoas a busca por seus direitos”.

Os universitários e universitárias perguntaram, entre outras questões, como era feita a escolha das famílias beneficiadas com a cisterna e quais são as atuais dificuldades para promover a segurança alimentar e hídrica. Malvinier explicou que havia critérios e a orientação era para beneficiar as famílias chefiadas por mulheres, ou com crianças pequenas, crianças matriculadas na escola, com pessoas portadoras de necessidades especiais e idosos, tinham prioridade em receber a cisterna para água de beber. Sobre as dificuldades, ela enfatizou os cortes de orçamento do Governo Temer e a insegurança na continuidade destes projetos sociais tão importantes. “Agora é uma incógnita, a gente não sabe se vai continuar. É inadmissível o que se está fazendo com o País”, reiterou a diretora.

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