Jornal japonês repercute experiência de comércio justo do algodão no Ceará

29/05/2023 23:25:01

Takashi Ebuchi e Eliza Otsuka, repórteres do jornal japonês The Asahi Shimbun, foram recebidos no Esplar na manhã desta quarta-feira (21/12/2016). Os dois vieram ao Ceará conhecer experiências de economia solidária e entrevistaram o fundador da ONG, o agrônomo Pedro Jorge Bezerra Ferreira Lima, que, há quase três décadas, assessora comunidades no cultivo agroecológico do algodão e no comércio justo.

Ao longo de 2016, Takashi esteve no Reino Unido, Espanha, Alemanha, França, Índia, Cingapura, entre outros países, para reportar alternativas de desenvolvimento solidário. Em dezembro, ele viajou à cidade de Tauá, onde o Esplar, em 1990, começou a disseminar o método dos consórcios agroecológicos e ajudou a estruturar a cadeia produtiva de plantio, beneficiamento e venda do algodão. As reportagens serão publicados em fevereiro de 2017 neste jornal que tem tiragem diária de sete milhões de exemplares, sendo um cinco maiores do Japão.

Na entrevista, Pedro Jorge explicou aos repórteres como a concentração fundiária explorava o trabalho dos agricultores e agricultoras no Brasil, antes da promulgação do Estatuto da Terra, na década de 1960. Os trabalhadores/as rurais eram obrigados/as a entregar metade da colheita ao dono da terra, o que agravava a exploração e a desigualdade no País. Com as lutas sociais, foi aprovado o Estatuto que normatiza o pagamento de 20 por cento da produção como arrendamento pelo uso da propriedade.

O comércio do algodão era feito por intermédio dos atravessadores, pessoas que compravam dos pequenos produtores por um preço muito baixo e revendiam. O trabalho do Esplar com as comunidades rurais os capacitou a beneficiar o algodão. Em 1993, a compra de uma máquina descaroçadeira propiciou aos agricultores de Tauá, pela primeira vez, a autonomia na produção e na venda, pois neste mesmo ano, 0 Esplar mediou a venda do algodão agroecológico da ADEC (Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá) ao Greenpeace.

Em 2003, a  Justa Trama, cooperativa de confecção de roupas, e,  no ano seguinte, a Veja, empresa francesa de sapatos ecológicos, buscam fornecimento de algodão orgânico no Ceará e conseguem, também com a orientação do Esplar, comprar safras anuais da agricultura familiar. As negociações são feitas seguindo parâmetro do comércio justo e valorização o trabalho dos produtores que seguem dos princípios agroecológicos.

Pedro Jorge explicou aos repórteres que, diferente do modelo de negociação convencional, o comércio justo e a economia solidária são fundamentados na  confiança mútua entre o produtor e o comprador. A cada ano, é feita a encomenda das safras de algodão, o preço é acertado pelos próprios agricultores e registrado em contrato. “Há uma tentativa de praticar valores éticos e, com estes exemplos é possível estimular uma melhor qualidade do algodão. É mantida uma relação de proximidade com os agricultores , este é um diferencial importante”, disse.

Sobre a possibilidade de expandir experiências de economia solidária em meio ao modelo capitalista, o fundador do Esplar argumentou que é uma luta desigual, pois “na economia convencional o mais importante é o lucro e a redução de custos e isso causa impactos para o trabalhador”, disse. Há mais de três décadas o Esplar impulsiona o comércio justo do algodão no Ceará  e Pedro Jorge acredita nesta alternativa de desenvolvimento. “Posso constatar que é possível, apesar das dificuldades, temos que continuar acreditando”.

Em 2016, o Esplar inicia, em parceria com o Instituto C&A, o Projeto Consórcios Agroecológicos com algodoeiro Mocó com intuito de ajudar os produtores e produtoras a contornar o agravamento das mudanças climáticas 80 famílias agricultoras terão assistência técnica para o cultivo da desta espécie resistente à estiagem

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