Assim orientou Tadeu Silveira ao grupo de 15 jovens agricultores/as, quando este passava próximo aos apiários. A experiência e a consciência agroecológica de Tadeu dispensavam palavras. Bastava caminhar por sua Fazenda Nova, em Tapuiará – município de Quixadá, para sentir e aprender com quem pratica. E assim aconteceu, no início deste mês, o intercâmbio de experiências de jovens de Quixadá.

Jovens agricultores/as das comunidades/assentamentos Iracema, Palmares, Lagoa do Serrote e Distrito Dom Maurício conversaram com Tadeu para conhecer a forma como este vem praticando, há anos, a agroecologia. O objetivo do intercâmbio era mostrar aos jovens que é possível praticar outra forma de agricultura, diferente da agricultura tradicional, utilizando outras práticas: sem queimar a terra, sem utilizar “o veneno” (agrotóxico) que polui o solo, a água e o ar e traz problemas graves para a saúde de quem aplica o agrotóxico e para quem consome os alimentos. Mostrar que é possível praticar uma agricultura onde não haja a substituição das sementes crioulas pelas sementes transgênicas, onde o saber popular seja respeitado e não haja a sobreposição do saber técnico-científico, que não leva em consideração as várias realidades com suas peculiaridades.

Tadeu já foi assessorado pela Fundação Cepema, pelo Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra) e pelo Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria. Ele desenvolve em sua fazenda um sistema agroflorestal. O agricultor fala que sempre toma cuidado para não disseminar plantas exóticas, plantando em pequena quantidade até o Neem, que é uma árvore que possui reconhecida ação inseticida e medicinal. A agrofloresta é muito importante para a preservação do meio ambiente, ajudando a recuperar a mata ciliar e facilitando o manejo da madeira. 

Tadeu tem como fonte de renda a apicultura. Possui 63 caixas de abelha, das quais 50 em plena atividade. As abelhas produzem um mel de excelente qualidade a partir de grande diversidade de flores e plantas. Os jovens participantes do intercâmbio avaliaram como positiva a realização da atividade, pois disseram nunca haver conhecido um lugar com essas experiências. Disseram ter “ouvido falar” da importância de preservar a natureza, mas que desconheciam as práticas de trabalhar com agroflorestas e de praticar apicultura com tanto cuidado com as plantas e as abelhas.

O intercâmbio faz parte da Formação em Agroecologia para Jovens do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Quixadá (STTR-Quixadá), em parceria com o Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria, através dos projetos “Agroecologia em Movimento” e “Educação Ambiental nas Escolas”