Do quintal à escola: um dia na vida de Francisca

29/05/2023 23:54:40

Francisca da Silva Ambrosio mora no Aldeamento Malhada da Onça no Município de Monsenhor Tabosa.

Vive com o marido e uma filha adolescente. É uma liderança indígena da etnia Tabajara e desenvolve diversas atividades, desde o trabalho no quintal produtivo à coordenação da Escola Indígena Tabajara. Também faz parte do projeto Mulheres e crianças construindo um semiárido mais justo e sustentável, conhecido como Educação para a Liberdade, desenvolvido pelo Esplar; e do projeto Feminismo e Agroecologia em Rede, do Grupo de Trabalho de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (GT Mulheres da ANA).

O dia de Francisca começa bem cedo, fazendo as orações. Depois prepara o café, enquanto seu marido alimenta as galinhas.  Antes de saírem para trabalhar, tomam café e conversam um pouco sobre a vida. Mesmo sendo a agricultura sua atividade principal, Francisca trabalha na organização da Escola Índígena, além de acompanhar e encaminhar demandas do aldeamento indígena, que ainda está em processo de demarcação. Após o almoço, leciona as disciplinas de História e Geografia na Escola. 

Trabalhar no quintal é a atividade principal de Francisca no fim da tarde. Ela prefere trabalhar nesse horário, pois o clima é mais ameno. Regar as plantas, fazer a adubação, além de alimentar os pequenos animais: aves e suínos. O quintal tem árvores frutíferas como maracujazeiros, cajueiros, pitangueira, pés de siriguela, mamoeiro, bananeira, laranjeira, coqueiro, gravioleira. Algumas ainda em fase de crescimento, mas as que produzem são todas para o consumo da família. Tem também plantas medicinais como babosa, cidreira, romã e corama. Para “Fransquinha”, como gosta de ser chamada, é importante que a família produza para o consumo próprio. “Quando precisa, é só ir lá pegar, não precisa comprar”. Para ela os alimentos da Feira “tem muito veneno”, por isso prefere plantar. Gosta ainda de plantar quiabo, beterraba e alface. Dificilmente tem sobra, e quando isso acontece, prefere comercializar na comunidade para os seus vizinhos, pois na Feira “os produtos são muito baratos”. 

Quando recebe a visita técnica da equipe do Esplar (já recebeu três visitas este ano), aproveita para esclarecer todas as dúvidas sobre o manejo agroecológico das plantas e dos animais e divide esse aprendizado com a comunidade. Alguns agricultores e agricultoras estão pensando em um projeto para vender para a Escola alimentos orgânicos produzidos na própria comunidade, para a produção da merenda escolar. Francisca também desenvolve na Escola Indígena um trabalho de conscientização com as crianças sobre alimentação saudável, incentivando-as a consumirem mais frutas do que lanches industrializados. 

Com a venda de alguns produtos na comunidade, Francisca ganha em média R$ 48,00 por mês. Não acha pouco, pensa até que sua renda melhorou, pois com a melhoria da sua produção, deixa de comprar alimentos e então economiza para outras despesas. Considera ainda que a alimentação da família melhorou, porque antes “engordava mais” e agora se sente motivada a consumir alimentos mais saudáveis. 

À noite Francisca volta para a Escola, dessa vez para estudar. Gosta de estar sempre aprendendo, e está com dificuldades em matemática e português. 

Mesmo com uma rotina cheia de tarefas, sua atividade preferida é cuidar do quintal, e gostaria de ter mais tempo para trabalhar nele. Diz que “o quintal era um sonho” e agora que está aumentando a sua produção, quer produzir para proporcionar alimentos mais saudáveis para a sua família.

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