Valéria Farias: “Eu tenho orgulho de ser agricultora”

30/05/2023 00:17:53

É na tranquilidade da comunidade de Torres, em Tamboril, que Valéria Farias de Sousa, de 31 anos, cultiva mudança.

Há três anos ela dedica tempo e cuidado ao seu quintal. Os frutos desse esforço se manifestam nas frutas e legumes que colhe de lá: coentro, cebola, pimentinha, pimentão, tomate, ata, fava, arruda, mamão e outros produtos. Os técnicos do Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria dão orientações de técnicas agroecológicas para que o quintal continue produzindo.

Cedinho Valéria já pode ser encontrada no quintal. Às vezes, sua visita se repete também no período da tarde. O marido, João Batista, e o filho, Igor, de 12 anos, ajudam no cuidado do cultivo. A filha, Luana, de 8 anos, também já está começando a contribuir.

Para Valéria, é importante o contato dos filhos com o quintal para que desde cedo eles possam valorizar o trabalho na agricultura. “O povo diz assim: ‘eu não vou viver de roça’. Por que não? Como é que a gente alimenta tanta gente na cidade? Porque a gente sabe que somos nós que alimentamos esse povo da cidade. Eu não tenho vergonha de ser agricultora, não. Eu tenho orgulho”, afirma.

Além de alimentar a família, os produtos do quintal de Valéria também complementam a renda da família. Segundo a agricultora, todos os dias ela faz alguma venda na própria comunidade ou em feiras. Uma renda pequena, mas que ajuda no orçamento familiar: “Faz muita diferença porque quando não tem... Tem dia que eu vendo três reais de cheiro verde. E se eu não tivesse? Eu ia ter três reais todos os dias?”, indaga.

Para Valéria, os benefícios do seu quintal não são apenas financeiros. Ela também aponta a mudança de rotina que o quintal trouxe: “A gente já se levanta e tem aquela expectativa... Eu não levanto só imaginando que eu vou varrer a casa, lavar as louças, fazer a comida. Eu levanto e já vou para o quintal. Eu me sinto feliz lá. É ali que eu fico bem”.

Hoje Valéria e outras cinco mulheres da comunidade de Torres administram uma cozinha comunitária. Do seu quintal, ela fornece o cheiro verde para a produção dos alimentos preparados na cozinha. Dali saem bolo, coxinha, enroladinho, pão-de-queijo e pão caseiro. O lucro da venda dos alimentos é distribuído entre as mulheres de acordo com o tempo dedicado à cozinha.

Esta e outras matérias estão disponíveis no informativo Educação para Liberdade nº 2

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