Meninas e meninos, curiosos e curiosas para conhecer a natureza ao seu redor, se embrenham no mato para olhar bem de pertinho onde vivem os besouros, do que é feito os ninhos dos pássaros, aprendem a se equilibrar nos galhos das árvores para catar frutas e, nos dias de calor, podem tomar banho de açude.
Essa amizade com os bichos, árvores e todo o ecossistema vai crescendo junto com as crianças e, se forem educadas para preservar todas as formas de vida do bioma onde vivem, elas podem desenvolver a consciência ambiental que vai lhe acompanhar ao longo da vida.
Há quatro anos, o projeto Educação Ambiental nas Escolas é realizado pelo Esplar, em parceria com a organização Internacional Action Aid. 3.706 crianças e adolescentes que estudam em escolas públicas de Canindé, Choró, Quixadá, Santana do Acaraú e Sobral tiveram, neste ano, “uma aula diferente”: oficinas para brincar, conhecer as plantas e animais da caatinga e aprender sobre as consequências da poluição.
Neuma Morais é pedagoga e dedica-se à educação do campo nas escolas rurais há sete anos. Ela coordena o projeto do Esplar e, quando sua equipe leva as turmas para visitar açudes, hortas, roçados e casas de sementes, percebe o deslumbramento que surge nas crianças.
Este conhecimento sobre o lugar onde vivem é a base da educação contextualizada para formar cidadãos e cidadãs críticos e protetores do meio ambiente. “Há uma sala de aula enorme ao redor da escola, e a gente estuda na natureza”, diz.
Nas turmas de educação infantil, as oficinas foram o primeiro o momento para os meninos e meninas de três a cinco anos entenderem o que é poluição e por que não devem jogar lixo nos açudes e na mata.“As crianças têm medo de perder os animais, as árvores e a água, são muito mais sensíveis que os adultos. Preocupam-se por as pessoas estarem matando os animais com a poluição e entenderam que não podiam sujar a natureza.”, explica a educadora.
Em algumas escolas, os estudantes começaram a separar o lixo para a reciclagem, mas não havia coleta de lixo na sua comunidade. Assim, aprenderam sobre cidadania e direitos que precisam ser cobrados.
As oficinas educativas estimulam as crianças, mesmo as menores, a refletir e expressar seu ponto de vista sobre a questão ambiental e, para isso, é fundamental ouvir o que eles pensam. “Crianças são curiosas e precisam que a gente argumente. O pensamento deles e delas ainda está em construção, mas fazem uma leitura da realidade emitem opinião”, explica Neuma.
Montar brinquedos com materiais descartáveis, contar histórias, ouvir músicas e desenhar são as melhores maneiras para de explicar temas complexos, como o desmatamento e contaminação por agrotóxicos. “A gente tem que tentar falar a linguagem deles e tem que ser assim: brincando. Se compreendem, não esquecem”, diz.