Intercâmbio entre participantes dos consórcios agroecológicos de Choró e Nova Russas aborda beneficiamento de gergelim.
O gergelim ganha cada vez mais espaço nos consórcios agroecológicos por causa de sua utilização versátil. Além do uso medicinal, é possível se chegar a inúmeros produtos com valor comercial por meio do beneficiamento. Em julho, a equipe do projeto “Consórcios Agroecológicos com Algodão Mocó”, executado pelo Esplar – Centro de Pesquisa e Assessora com financiamento do Instituto C&A, organizou duas oficinas sobre beneficiamento de gergelim, em Nova Russas. Em setembro, participantes dos consórcios de Nova Russas visitaram a comunidade Riacho do Meio, em Choró, para trocar experiências.
A formação sobre beneficiamento de gergelim ocorreu no assentamento Morro Agudo e na comunidade de Irapuá, em Novas Russas. A atividade contou com a participação de 32 agricultoras e agricultores de cinco localidades dedicadas ao cultivo de gergelim nos consórcios agroecológicos com algodão e outras culturas. As oficinas foram ministradas por Jullyerlly Dantas de Sousa, com colaboração de Lidiane Dantas de Sousa, do grupo de jovens Sementes do Sertão (Riacho do Meio), e apoio de Waldemar Tillesse e Samara Santos, técnico e técnica do Esplar.
Ao longo dos últimos quatro anos, Jullyerlly acumulou larga experiência no beneficiamento e comercialização de gergelim, após participar de oficinas ministradas pelo Esplar e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Trata-se de um caso típico de um jovem que, até agora, resiste em sair do seu lugar. Essa atividade, desenvolvida desde os 19 anos, é seu grande motivador”, afirma Pedro Jorge Bezerra Ferreira Lima, coordenador do projeto “Consórcios Agroecológicos com Algodão Mocó”. Além de ensinar a extrair o óleo em prensa e moinho elétrico, Jullyerlly também compartilhou as receitas que utiliza para doce e paçoca, relatando com detalhes sua vivência no comércio dos derivados do gergelim.
Desde 2009, o Esplar sempre recorre às beneficiadoras e aos beneficiadores de gergelim, dos municípios de Choró e Tauá, para ensinarem outros grupos a produzirem derivados dessa oleaginosa, conforme Pedro Jorge. Dando continuidade a esse processo, agricultoras e agricultores de Novas Russas participaram de visita de intercâmbio à comunidade de Riacho do Meio para conhecer a unidade de beneficiamento de gergelim do grupo Sementes do Sertão. O grupo mostrou outros detalhes do processo de fabricação artesanal, além das instalações, máquinas e equipamentos utilizados.
De acordo com Pedro Jorge, ao avaliar as oficinas, as/os participantes destacaram a forma simples e de fácil entendimento na qual se deram a transmissão e a demonstração prática das informações, o que as/os motivou a aplicar esses conhecimentos adquiridos ou aperfeiçoados. “Gostaram muito da forma de valorizar o tempo utilizado na produção desses alimentos, quando foram registradas as despesas, as receitas e as margens obtidas em cada produto. Houve quem destacasse que o gergelim não era considerado alimento, pois a tradição na região é usá-lo como repelente de formigas nos roçados e como medicamento caseiro”, revela Pedro Jorge