O tema norteador das oficinas é “Respeito à Diversidade”, abordando questões como racismo, machismo, intolerância religiosa e preconceito.
O projeto Educação Ambiental nas Escolas atua em 20 escolas dos municípios cearenses de Canindé, Choró, Quixadá, Santana do Acaraú e Sobral, beneficiando 816 estudantes. O trabalho de oficinas educativas com crianças e adolescentes é realizado pelo Esplar - Centro de Pesquisa e Assessoria com financiamento da organização internacional ActionAid. Em 2018, o tema norteador das oficinas foi “Respeito à Diversidade”, abordando questões como racismo, machismo, intolerância religiosa e preconceito.
De acordo com Neuma Morais, coordenadora do projeto, o conceito de “Diversidade” se baseia em três princípios: cada indivíduo é único; mesmo na sua unicidade, o individuo não está isolado, e cada pessoa nasce e se desenvolve em uma dada sociedade e cultura; sociedades e culturas estão em constante mudança que se dão de forma gradual. “Compreendemos a diversidade como uma construção social. Quem dita ou reforça os padrões culturais e estabelece as normas são os grupos e as instituições com capacidade de influenciar a sociedade”, afirma.
Neuma ressalta que, se o respeito e a tolerância fossem ensinados desde a infância, teríamos uma sociedade mais justa. “A escola tem papel importante, pois crianças e adolescentes passam muito tempo nesse espaço adquirindo conhecimentos e estabelecendo relações sociais”, conclui.
Comunidade escolar se une contra o racismo
Tudo começa com o respeito. É com esse lema que a estudante Anna Kelly da Silva Morais, 13 anos, protagoniza o processo de enfrentamento ao racismo na escola Santa Rita, no assentamento Transval. “É preciso respeitar o outro. Respeite quem eu sou. Respeite a minha pele. Respeite o meu cabelo”, afirma a jovem. Anna se apresentou orgulhosamente como negra durante as oficinas do projeto Educação Ambiental nas Escolas, que abordou o respeito às diferenças em 2018. A atitude da jovem é sinal de uma mudança de paradigma, com a qual crianças negras crescem em um ambiente com mais representatividade que gerações anteriores. “Se todos fossem iguais, não seria bom. Todo mundo da mesma cor, usando a mesma roupa, pensando a mesma coisa, seria muito chato”, constata.
Verem-se representadas na televisão tem impacto na autoestima e no processo de aceitação de milhões de jovens como Anna Kelly, que aponta a atriz Taís Araújo e a jornalista Maju Coutinho como referências.
De acordo com Eliete Almeida Bezerra, diretora da escola, o combate ao racismo ocorre por meio da conscientização de toda a comunidade escolar. “Esse tipo de atitude nunca ajuda o agressor a evoluir como ser humano em suas relações”, afirma. Para a diretora, as oficinas do projeto Educação Ambiental nas Escolas ajudam a fomentar o debate sobre diversidade na escola. “Os temas desenvolvidos nesse projeto fortalecem fatores relacionados à Educação, como o respeito, as diversidades escolares e ambientais que tem que ser preservadas e valorizadas”, afirma.
Educação Inclusiva é realidade em escola rural de Canindé
Educação é um direito de todas as pessoas, e o Atendimento Educacional Especializado (AEE) é essencial para a garantia desse direito. O Art. 4 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional prevê que o dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de AEE gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino.
O AEE é uma realidade em 11 escolas municipais de Canindé, cinco delas rurais. A escola Padre José Antônio, na comunidade Bom Jesus, conta com uma sala de AEE, que atende os estudantes com necessidades especiais três vezes por semana. De acordo com Regina Lúcia Ferreira, professora que atua nesse atendimento há cinco anos, o AEE tem grande relevância para a inclusão desses estudantes no ambiente escolar. “Na escola, os alunos com necessidades especiais se desenvolvem socialmente, emocionalmente e psicologicamente. E todos passam a valorizar e respeitar as diferenças”, ressalta a docente.
Regina explica que o AEE vai além da sala de recursos multifuncionais, tendo estreita relação com o trabalho realizado na sala regular. “O professor da sala de AEE está diariamente em contato com o professor da sala regular. Acontecem as visitas do professor do AEE na sala regular para acompanhar o comportamento e a aprendizagem do aluno com necessidades especiais. É de total importância esse feedback para melhorar o atendimento dessas crianças”, explica. Além disso, ela aborda diariamente o respeito às diferenças e incentiva que os alunos com necessidades especiais participem dos eventos da escola com os demais estudantes.
As alunas Kailane Cristina Gomes da Silva, de 13 anos, e Ana Camila Silva Santos, de 7 anos, frequentam a sala de AEE na escola Padre José Antônio. As meninas enxergam as sessões de atendimento como um momento de brincadeira em que também aprendem. “Venho brincar aqui e acabo aprendendo as coisas. Todo dia eu aprendo uma coisa nova”, garante Ana. Para a professora Maria Eleudes Vieira, a presença das crianças especiais é uma quebra de preconceitos para a comunidade escolar. “Todos precisam entender que essas crianças têm os mesmos direitos que as outras”, afirma.
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