Nós, entidades-membro da Rede Jubileu Sul Brasil, manifestamos nossa profunda dor e solidariedade às famílias que perderam seus entes queridos no crime socioambiental cometido pela Vale S. A. no dia 25 de janeiro, em Brumadinho,na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Manifestamos nossa indignação e repúdio ante a conduta reincidente e criminosa desta empresa, já eleita uma das piores do mundo.
Além de causar a morte de centenas de trabalhadoras e trabalhadores – celetistas e terceirizados–, de moradoras, moradores e visitantes, o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, tal como em Mariana, causou incontáveis impactos ambientais,despejando cerca de 12 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos tóxicos, vitimando inumeráveis seres vivos, incluindo toda a vegetação, e gerando a contaminação do rio Paraopeba (um dos afluentes do rio São Francisco), o que afeta a agricultura, a pesca e o modo de vida da população ribeirinha.
O crime irreparável é resultado do modelo econômico brasileiro, que é centrado na exportação do meio ambiente transformado em commodities, como o minério de ferro utilizado na fabricação de material bélico que espalha a morte, o extermínio e o êxodo dos povos. O crime é também resultado de uma política irresponsável de fiscalização e do desmonte da política ambiental que se agrava com as mudanças climáticas e prejudica todos os seres vivos da Terra.
O rompimento dessas barragens é o alerta que denuncia este modelo de subdesenvolvimento, historicamente implantado na América Latina, aprofundado e consolidado no Brasil ainda neste século XXI, que destrói nossa população tradicional, que não investe nos nossos conhecimentos sobre o aproveitamento dos recursos naturais, nem na capacitação científica e tecnológica e exaure a natureza.
As dívidas humana e ambiental geradas pela Vale S.A. são irreparáveis e devem ser investigadas seriamente. A Rede Jubileu Sul se compromete a seguir lutando por justiça ante este crime, associando-se às diversas organizações de atingidos e setores organizados da sociedade civil. Ademais, ao incorporar as lutas emancipatórias contra as dívidas socioambientais como eixo central de nosso trabalho, também nos comprometemos a seguir apoiando as diversas lutas em defesa da vida das mulheres, dos povos tradicionais e quilombolas atingidos por este crime anunciado.
São Paulo, 4 de fevereiro de 2019
Rede Jubileu Sul Brasil
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