Cordel: Irapuá - Uma linha do tempo

Cordel que conta um pouco a história de Irapuá, inspirado na sistematização da pesquisa-ação: práticas de ATER, construção de conhecimentos e sujeitos coletivos da agroecologia.

 

Comunidade atraente 

Chamada de Irapuá 

Semiárido cearense 

No oeste do Ceará 

Município Nova Russas

 

Ótimo suco de cajá. 

Já na década de 70 

Herança de uma bisavó 

Formou-se Irapuá 

Plantando algodão mocó, 

Oiticica e mamona, 

Milho e feijão cotó. 

 

E plantavam mandioca 

Pra fazer goma e farinha 

Ainda pagavam renda, 

Criavam porco e galinha 

Algumas vacas e ovelhas 

E um magote de cabrinha. 

Duas casas de farinha, 

 

Duas bodegas, um altar,

Artesanato de crochê

As mulheres no tear 

Trabalho que aumentava

A renda familiar. 

 

Na época a comunidade

Realizou grande ação

A igreja católica apoia

Com as CEB’s na atuação, O Coletivo 4 S 

Muita organização. 

 

Era uma ação coletiva

Com os focos Saber, Sentir

E vinha os outros esses

A Saúde e o Servir, 

Ideias inovadoras 

Mas, veio alguém perseguir.

 

Em 1960, esse coletivo

Realizou um mutirão

Fizeram tijolos e telhas

Com força e com união

Construíram uma escola

Melhoras na educação. 

 

Até final de 70 

No poder dos generais

Irapuá resistia 

Sem os apoios gerais

Agricultores desconheciam

Os direitos sociais. 

 

De 80 a 99 

A população cresceu

Irapuá também cresce

E até se desenvolveu

Avança o desmatamento

Meio ambiente sofreu. 

 

Para a escassez de água

Foi construído com urgência

Açudes, poço e armazém

Pelas frentes de emergência;

Depois a comunidade adquire

Uma outra consciência. 

 

Depois o P1MC 

Veio para reforçar 

Toda segurança hídrica

Construíram sem hesitar

Várias cisternas de placas

Com apoio do Esplar. 

 

A partir dessas ações 

Um novo marco inicia 

Manejo de água, Direitos

O Esplar com empatia 

Traz novo conhecimento

Com a agroecologia. 

 

Uma outra novidade

Que trouxe Lourdes Leitão

Aprimorando o crochê

Com técnica e inovação

Mulheres com o crochê

Trabalho e mais produção. 

 

O coletivo 4 S 

Com a CEBs

apoiando Cria o Grupo de Mulheres

Com fé se organizando

Com a Farmácia Caseira

Comunidade atuando. 

 

No ano de 87 

Irapuá com emoção 

Adquire um trator 

E faz uma boa gestão

O trabalho coletivo 

Ganha outra dimensão. 

 

Aumentaram a produção

Do milho principalmente

E em 1 9 8 9 

Com organização consciente

Criam a Associação 

Uma luta consistente. 

 

E Irapuá vivencia 

Aspectos de um novo tempo

Aumento da produção

O trator com implemento

Também uso de agrotóxico

E com mais desmatamento. 

 

A comunidade passou

A ter mais percepção 

Da sua realidade 

E da organização 

Lutar pelos seus direitos Tornar coletiva a ação. 

 

Veio a queda do algodão

E a chegada do bicudo 

A mandioca acabou-se 

Foi preciso novo estudo

E as casas de farinha 

Foi desativada tudo. 

 

No ano 2004 

Irapuá se estrutura 

Iniciam outra atividade 

Que foi a Apicultura 

Vicente Neto aprendeu

Abelhas, mel e fartura. 

 

Depois em 2006 

Chega um Projeto novo

Chamado Dom Helder Câmara

Irapuá deu aprovo 

Muitas capacitações 

Conhecimento pra o povo. 

 

Em 2007 formam 

Um grupo de artesanato

De mulheres criativas

Com crochê feito no ato

As Mulheres Artesãs

De Irapuá, fino trato. 

 

A Cáritas de Crateús

O Projeto escutava

Criar Galinha caipira

O projeto incentivava

A produção dos quintais

O grupo comercializava. 

 

No ano 2008 

Pra melhor se organizar

A comunidade iniciar

Outra ação exemplar

Com apoio e assessoria Da ONG Esplar. 

 

Consórcios Agroecológicos

Incluindo o Algodão 

No Irapuá se inicia 

Essa importante ação

A comunidade aprova

O Esplar na execução. 

 

O grupo se organizou

Nos Consórcios com alegria

O Esplar capacitou 

Na Agroecologia 

Ter renda com o algodão

E uma produção sadia. 

 

O grupo se organizando

E ficando mais atento

Na colheita do algodão

  E no beneficiamento 

Com máquinas apropriadas

E novo conhecimento. 

 

Em 2010, inicia-se  

Outra capacitação 

Para criar uma OPAC 

Para Avaliação  

Da Conformidade Orgânica  Para a Certificação. 

Foi criada a ACEPI 

Em 2012 fundada 

Certificação Participativa OPAC credenciada 

Produção do Irapuá 

Agora é certificada. 

 

E já em 2013 

Com todo mundo atento O MAPA então concede Real credenciamento 

A ACEPI torna-se OPAC Manejo e conhecimento. 

O algodão certificado  Tem a venda garantida  

 

Com certificação orgânica

E produção assistida

A renda vai melhorar

A qualidade de vida. 

 

O grupo do Irapuá 

Do agroecológico algodão

No Grupo Agroecologia

E Mercado, tem expressão

Junto com outros parceiros

Marcam participação. 

 

Mulheres de Irapuá  

Novo Projeto conquista

Educação para Liberdade

Esplar, We Word na pista

Mulheres empoderadas

Com formação feminista. 

 

Esse Projeto ainda trouxe

As Cisternas de captação 

De água para consumo  

 

E também pra produção

Fruteiras, aves e hortas

Manejo e Educação. 

 

Através da Articulação

Do Semiárido Brasileiro,

ASA que deu o aporte 

Logístico e financeiro 

E o Esplar assessorou 

Esse Projeto certeiro. 

 

Foi um projeto importante

Voltado para o social 

Segurança Alimentar 

Também Nutricional 

Uma produção orgânica Muito ganho ambiental. 

Em 2013 surge o Grupo

Abelhas Lutadoras do Sertão 

Mulheres empoderadas

Liberdade,Educação 

 

A Cáritas executou 

P.D.H.C em ação. 

São importantes projetos 

De base agroecológica 

Com Cáritas e com Esplar

Assessorando com lógica

Sem queimadas e sem veneno

Com consciência ecológica. 

 

E nos quintais produtivos

É grande a variedade  

De fruteiras e hortaliças,

Grãos, comida de verdade

Foi possível restaurar 

A agrobiodiversidade.  

 

E as mulheres fazendo 

Crochê até por encomenda 

Participando das feiras 

Com produção sem contenda

Vendendo para o PNAE

Aumentando sua renda. 

Também as políticas públicas

Dos governos populares

  Bolsa família, Pronaf 

Água e luz em todos lares 

Seguro Safra e auxílios

Benefícios regulares.  

 

A comunidade sofreu

Impactos bem negativos

A oiticica sem vendas 

As secas sem lenitivos 

Retiradas de areia 

E processos erosivos. 

 

De 2016 em diante 

O MOARTI foi ampliado

Mulheres indo nas feiras

Artesãs bem no mercado

O crochê do Irapuá 

É famoso em todo Estado.

Com a pandemia da COVID Foi grande a desolação 

 

Muito medo e sofrimento

Isolamento e tensão 

Mas, voltou tudo ao normal

Depois da vacinação. 

O trabalho com algodão

Em consórcio integral

Promoveu um aumento da 

Consciência ambiental

Sem desmatar, sem queimar

Sem agrotóxico mortal. 

 

No Consórcio do algodão

Outra cultura importante

Foi de fato o gergelim

E sua produção constante

Com a extração do óleo

Agregou valor num instante. 

 

O Esplar incentivou 

Laudes Foudation apoiando

Com doação de um moinho 

 

E uma prensa funcionando

Com a extração do óleo

Vai o valor agregando. 

  

Em 2019, então 

O algodão dá um salto

Um grupo de 6 mulheres

Quiseram produzir alto

Um roçado coletivo 

Luta e união que ressalto. 

 

Finalmente é construída

Com zelo e aprimoramento

Uma Unidade para 

Fazer o beneficiamento

Do algodão agroecológico

Qualidade e tratamento. 

 

A Unidade de Beneficiamento

Foi uma ação corporativa

Muita responsabilidade

Também gestão coletiva 

 

A comunidade envolveu-se

De forma participativa. 

 

O Instituto C&A apoiou

Essa organização 

Doou uma descaroçadeira

Pra beneficiar o algodão

E uma enfardadeira 

Pra concluir a gestão. 

 

Irapuá se tornou 

Importante referência 

Recebeu muitas visitas

Pra conhecer a experiência

Intercâmbios pra ver 

Sua autossuficiência. 

 

Nesses últimos cinco anos

A comunidade sentiu 

Que muitas políticas publicas

Infelizmente regrediu 

Com direitos retirados

A esperança sucumbiu.

 

A juventude afastando-se

Do campo, coisa simplória

Chegando a violência

Alterou a trajetória 

E vindo gente de fora

Fazer caça predatória. 

 

Porém, a comunidade 

De Irapuá, tem ação 

Demonstra desejo, força

E grande organização

Fortalece o coletivo 

Com força e com união.  

 

Comunidade feliz 

Que não cansa de lutar

A Rede ATER capacita,

Fortalecer e formar 

Sujeitos políticos que

Precisam se organizar. 

As políticas públicas foram

De fato fundamental

Para o fortalecimento 

 

Dessa luta social 

Os sujeitos coletivos 

Foco territorial. 

 

É grande o potencial 

Que tem a comunidade

  Irapuá se destaca 

Pela produtividade 

Sempre de sobressaindo

Em qualquer atividade. 

O nível de organização

Que em Irapuá impera

Exemplo comunitário

Que cresce e que prospera 

Agricultura Familiar 

Frutos de uma nova era. 

 

Desenvolvimento humano

Econômico e social

Tem as mudanças climáticas

Aquecimento Global 

E a preocupação

Com a causa ambiental

 

O trabalho coletivo 

Uma ATER de qualidade

Pois Irapuá optou 

Pela coletividade 

AS CEB,s, Cáritas e Esplar

Uma próspera comunidade. 

 

Atualmente essas são

Grandes preocupações

Irapuá nesse tempo 

Fluiu com superações

Lutou, mas sem fazer guerra

Cuidando tão bem da terra

Para as próximas gerações.

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