Professora Elielza incentiva crianças a valorizar o campo através de horta na escola

29/05/2023 02:21:48

Professora da comunidade do Nambi, em Caridade, defende que a valorização da vida no campo comece desde a infância.

Permanecer pode não ser a decisão mais fácil. Mas é nisso que acredita a professora Elielza Santos da comunidade do Nambi, em Caridade. Enquanto a nova geração de jovens locais pensa em alçar outros voos e partir para a cidade em busca de condições melhores de vida, ela finca o pé e defende que a juventude fique no lugar onde nasceu e lute por mudanças ali mesmo. Filha de agricultores, Elielza começou a trabalhar aos 17 anos e buscou fazer toda a sua formação baseada no que acredita: educação para as pessoas do campo.

Durante seus estudos, Elielza conheceu outras formas de produção agrícola, diferentes das que as pessoas costumavam praticar na região. Práticas menos agressivas ao meio ambiente, sem uso de veneno. Ao tentar repassar o que havia aprendido, encontrou resistência das pessoas mais velhas da comunidade. E chegou a ouvir do próprio tio: “minha filha, você é nova. Você está entrando nesse ramo agora. Nós já somos idosos, nós é quem sabemos”, conta.

Apesar disso, ela resolveu apostar na conscientização da comunidade. Mas, desta vez, com um público diferente: crianças a partir de 07 anos.

“A gente visa a educação no campo para ver se a gente consegue fazer com que as pessoas fiquem na nossa comunidade. Porque o êxodo rural das pessoas que não têm condições de sobreviver na nossa comunidade é muito grande. Vão embora muitas pessoas. Aí a gente está trabalhando a educação no campo aqui na comunidade e está tentando trazer para as escolas para iniciar com as crianças pequenas esse projeto. Porque, se você for incentivar desde pequena, ela já vai crescer com uma nova visão”.

Pela experiência adquirida quando atuou no programa Projovem Campo, que trabalha com jovens agricultores e agricultoras familiares de 18 a 29 anos, Elielza percebeu que as ações do programa poderiam ser adaptadas para as crianças da escola onde ensina. Foi então que teve início a ideia de fazer uma pequena horta na escola, cuidada pelos próprios estudantes.

A professora buscou apoio de outros colegas da escola, mas não teve sucesso. Por enquanto é um trabalho que desempenha sozinha, mas com esperança de um dia conseguir convencer as pessoas ao redor de que o caminho para as mudanças começa dentro da própria comunidade, nas mentes das crianças que estão descobrindo a importância do trabalho de seus pais e mães. E o esforço de Elielza já colhe frutos. As crianças que participam do projeto da horta da escola sabem que o que elas plantam tem destino importante. Alimentar a escola.

Elielza tenta criar na comunidade a consciência de que a produção agrícola pode ser também uma fonte de renda e não apenas servir ao consumo da família. E incentiva agricultores e agricultoras locais a plantar não apenas no período de chuvas.

“Eu tenho fé de que eles vão acreditar por causa dessas novas tecnologias que estão tendo agora, essas cisternas. A gente vai conseguir expandir na nossa comunidade. A minha casa está sendo beneficiada com cisterna. A gente vai fazer e vai tentar com que outras pessoas que estão sendo beneficiadas também focalizem naquela situação, que vejam que aquela situação vai gerar alguma fonte de sobrevivência para as famílias”.

Para seus alunos, Elielza sonha que estudem e supram as carências da comunidade. Quer que se tornem engenheiros e engenheiras, técnicos e técnicas agrícolas, veterinários e veterinárias. Porque são formações “que podem ir, mas voltam para trabalhar aqui com a gente”.

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