As mãos ágeis, que rapidamente fazem consertos e constroem, trazem histórias de convivência com o semiárido. Francisco Eudes Alves Lima é um exímio pedreiro, mas o que alguns não sabem é que ele foi o responsável pela construção da primeira cisterna no Ceará. Tal fato ocorreu um ano depois de Eudes participar de uma capacitação de construção de cisternas no município de Serrinha, na Bahia, em 1992. A cisterna foi construída em Tauá, em 1993.
Eudes lembra que o intuito da capacitação era gerar multiplicadores do conhecimento de construção da tecnologia. “Na época, o Esplar me deu esta chance de ir lá aprender e repassar. Era para aprender e repassar. Não ficar [com o conteúdo] guardado”. Ele relata que o modelo que aprendeu na capacitação era diferente da atual: “Não foi essa atual cisterna de hoje. Era o mesmo estilo, mas era uma coisa diferente, a tampa era como uma laje, o tamanho das placas era diferente”.
Com o que aprendeu no curso, foi logo repassando para outras pessoas, por meio de capacitações em comunidades do semiárido. Tornou-se um multiplicador. “Pelo treinamento, eram seis dias para confeccionar uma cisterna. Eu consegui fazer em quatro dias. Aí, vai diminuindo o tempo. Hoje em dia o pessoal faz duas em uma semana”, explica ao falar sobre a construção da cisterna de 16 mil litros.
Não demorou muito para Eudes ver novos multiplicadores se formando: “Os alunos começaram a repassar, foi se multiplicando e eu fui saindo do cenário. Mas o que eu achei mais interessante foi ter dado minha contribuição para o processo. O que eu ensinei e o que eles aprenderam, para mim, foi o suficiente”, avalia.
Eudes é consciente de que a cisterna é fundamental na vida do agricultor e da agricultora familiar do semiárido: “Para mim, [a cisterna] é tudo. Tem muita gente que tem, mas não tem consciência. Mas para quem tem consciência, não tem um bem maior do que a cisterna, não. Não tem que andar léguas e léguas para pegar água. Isso aí acabou”.