No ano de 1974, em muitas localidades rurais do estado, as pessoas viviam em extrema injustiça social e pobreza.
Ignoradas pelo poder público, sofriam de desnutrição e diversas doenças que eram agravadas pela omissão no atendimento de Saúde. Também a exploração de trabalho pelos donos das terras limitava a vida das famílias agricultoras e as impedia de conseguir melhor alimentação, moradia e remuneração.
Em meio às dificuldades daquele período, entrecortado por anos de seca, a Igreja Católica realizava um trabalho de promoção humana na região de Crateús e tentava mostrar ao povo rural a organização comunitária como uma alternativa de melhoria de vida.
O Projeto de Educação Pré-Cooperativista era liderado pelo Bispo Dom Antônio Batista Fragoso, "uma pessoa comprometida com os pobres marginalizados, que lutava para construir um mundo melhor e mais justo", define o fundador do Esplar, o agrônomo Pedro Jorge Bezerra Ferreira Lima. Naquela região, 43 anos atrás, a convite de Dom Fragoso, a ONG iniciou sua trajetória.
Os profissionais da Diocese de Crateús incentivavam os trabalhadores e trabalhadoras rurais a fazer mutirões para o plantio de hortas, roçados e farmácias naturais, estimulavam a formação de cooperativas e davam assistência às famílias na prevenção de doenças. Foi também nesta década que, pela primeira vez, foram organizados bancos coletivos de sementes para acabar com a necessidade de contrair empréstimos com patrões para poderem iniciar o plantio.
Durante três anos, o Esplar acompanhou este trabalho, avaliou suas ações, analisou o contexto social dos locais onde era implementado e propôs alternativas para aprimorá-lo.
“Uma equipe da Diocese visitava as comunidades buscando trabalhar a organização ligada à Saúde, sindicalismo e as questões ligadas com a terra. Nós tínhamos reuniões com esse grupo e íamos para o campo. Ficávamos dois ou três dias nas comunidades e depois fizemos relatórios, que foram apresentados e discutidos”, afirma Pedro Jorge.
No tempo de Dom Fragoso
Joana Damasceno lembra das reuniões “do tempo de Dom Fragoso”. Por volta de 1979, a agricultora morava em Tamboril, município vizinho a Crateús, e participava dos encontros onde, pela primeira vez, ela leu uma cartilha de formação política. "Foi um tempo de formação para mim, eu tinha o interesse de aprender, saber e ver no que aquilo ali ia dar mais na frente", explica.
A partir daí, ela começou a entender a necessidade de os agricultores e agricultoras enfrentarem as tantas injustiças que viviam. “Eu me interessei porque a gente morava em terra de patrão e pagava renda. Era um período muito difícil, não tinha água, família pequena, era muito sofrimento. A gente não dormia à noite procurando água. Eu aprendi um pouquinho a ler nessas cartilhas, havia formação política, ah mas foi bom...”, recorda Dona Joana.
Foto: Agricultores em Crateús, 1976 (Pedro Jorge Bezerra Ferreira Lima).
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