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“Quando abrimos a porta do Esplar pela primeira vez para trabalhar foi para criar a proposta de avaliação do Projeto de Educação Pré-Cooperativista, que era liderado pelo Bispo Dom Antônio Batista Fragoso”, explica o agrônomo Pedro Jorge Bezerra Ferreira Lima, fundador do Esplar. Há 44 anos, exatamente no dia 15 de junho de 1974, o Esplar iniciava sua trajetória de trabalho em prol da agricultura familiar e em busca de um mundo justo. Na época, chamava-se Escritório de Pesquisa, Planejamento e Assessoria em Desenvolvimento Rural, gerando a sigla que dá nome a instituição até hoje.

Por meio do Projeto de Educação Pré-Cooperativista, as trabalhadoras e os trabalhadores rurais da região de Crateús eram incentivados a fazerem mutirões para o plantio de hortas, roçados e farmácias naturais e formarem cooperativas. Naquele período, pela primeira vez, foram organizados bancos coletivos de sementes para acabar com a necessidade de contrair empréstimos com patrões para iniciarem o plantio.

Durante três anos, o Esplar acompanhou o projeto realizado pela Diocese de Crateús, avaliando suas ações, analisando o contexto social dos locais onde era implantado e propondo alternativas para aprimorá-lo. “Uma equipe da Diocese visitava as comunidades buscando trabalhar saúde, sindicalismo e questões ligadas com a terra. Nós tínhamos reuniões com esse grupo e íamos para o campo. Ficávamos dois ou três dias nas comunidades e depois fazíamos relatórios, que foram apresentados e discutidos”, relembra Pedro Jorge.

Nestes 44 anos de existência, o Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria reforça seu compromisso e sua responsabilidade com a democracia, a socialização das oportunidades e a transformação da sociedade que gere a efetivação dos direitos humanos, o respeito ao meio ambiente e às diferenças entre as pessoas e o bem-estar individual e coletivo.

Diretor-presidente do Esplar participa como debatedor do eixo Agropecuária.

A carta política do IV ENA reúne a diversidade das pautas dos povos dos campos, das águas, das florestas e das cidades.

O Esplar informa o Resultado Final do processo seletivo para Técnica de Campo do Projeto “Fortalecendo a Autonomia Político-Organizativa dos Povos Indígenas”.

O Programa Cisternas nas Escolas beneficiará 31 escolas dos municípios de Canindé, Caucaia, Ocara e Pacajus.

O Esplar informa nomes das candidatas aprovadas na fase Análise de Currículos e selecionadas para a segunda fase do processo seletivo para Técnica de Campo do Projeto “Fortalecendo a Autonomia Político-Organizativa dos Povos Indígenas”.

Cinco experiências realizadas por redes de agricultoras e agricultores marcam a tarde do primeiro dia do evento

A tarde do primeiro dia do Encontro Estadual de Agroecologia do Ceará, que ocorre em Sobral, foi marcado pela vivência “Carrossel de Experiências do Semiárido”, na qual cinco experiências realizadas por redes de agricultoras e agricultores foram apresentadas aos participantes do evento.

A Escola de Educadoras Feministas, organizada pelo Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) foi apresentada por Lucivane Ferreira, diretora da iniciativa no Ceará. De acordo com Lucivane, o movimento surgiu em 1986, em um momento de muita invisibilidade das mulheres do campo, para criar um espaço de fala para elas. Para fortalecer o movimento e as mulheres, percebeu-se que era preciso investir nos processos de formação.

Em 2015, houve a primeira formação da Escola de Educadoras Feministas, da qual saíram uma turma de multiplicadores feministas. “A escola se constituiu como espaço para ampliar o conhecimento das mulheres e para reafirmar o feminismo. Até então nós não nos identificávamos como feministas. Tínhamos a visão estereotipada do que é ser feminista”, revela Lucivane. A formação ocorre de forma contínua durante um ano por meio de quatro módulos: História do Brasil; Sociologia; Economia Rural e Agroecologia; e Feminismo Rural e Auto-organização das Mulheres.

Lucivane ressalta que 30% das vagas da escola são destinadas à juventude. Ano passado, as participantes jovens chegaram a 50%. “Nosso público é composto por mulheres de todas as idades. Em 2017, passaram 29 mulheres pela escola, 23 delas de forma ativa”, conta.

A experiência da RIS – Rede de Intercâmbio de Sementes foi apresentada por Zé Maria Gomes Vasconcelos, da Rede Cáritas Diocesana Sobral. No Ceará, as Casas de Sementes iniciaram na década de 1990, como construção coletiva entre Dom Fragoso e instituições como Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria, Cáritas e sindicatos. Enquanto rede, a RIS só surge em 1991, sendo composta atualmente por 45 entidades entre sindicatos, cooperativas, associações, assentamentos e comunidades tradicionais. A rede está distribuída em território cearense e suas microrregiões, articulando-se com o Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido, Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) e Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Conforme Zé Maria, o objetivo da rede é resgatar e preservar as Sementes Crioulas enquanto patrimônio genético. “Agricultores e agricultoras são quem detém esse conhecimento no patrimônio genético de suas sementes”, conclui.

Outra experiência apresentada durante o carrossel foi a Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias, que surgiu, em 2003, quando agricultoras e agricultores familiares participaram do Curso de Agentes Multiplicadores em Agroecologia. Com produção agroecológica, livre de agrotóxicos e preços justos, as feiras são alternativas para quem procura se alimentar de forma saudável. Atualmente, a Rede atua em quatro territórios: Sobral, Sertão Central, Vales do Curu e Aracatiaçu e Maciço de Baturité. De acordo com Maria de Fátima dos Santos, conhecida como Fafá, moradora da comunidade de Genipapo, em Itapipoca, agricultora e coordenadora da Rede, a iniciativa está se articulando para fortalecer ainda mais as feiras comunitárias, solidárias e municipais.

Já a Rede de Agricultoras(os) Agroecológicas(os) Solidárias(os) surgiu em 2005 na região norte e central do Estado do Ceará. A agricultora familiar Rita Maria, do município de Tururu, relembra que, somente depois da chegada da rede, ela conseguiu desenvolver a segurança alimentar de sua família e de sua comunidade. Atualmente, o projeto é aliado aos princípios agroecológicos e enxerga a natureza como um lugar de prosperidade e produção.

“Água para a vida e não para a mina”. Com essa frase, o Movimento pela Soberania Popular na Mineração se propõe a debater e posicionar-se sobre os interesses das mineradoras na exploração nos territórios camponeses ou tradicionais. Conforme Erivan Silva, agente Cáritas, desde a década de 1970, quando iniciaram as pesquisas em Santa Quitéria sobre urânio - material altamente radioativo - e fosfato, a ideia “vendida” à população é antiga: grandes empresas que vão gerar empregos. A realidade, bem distante desse discurso, tem levado as comunidades atingidas diretamente pela exploração a se unir e buscar providências que considerem os impactos ambientais e sociais.

O Esplar participa do evento preparatório para o IV ENA com uma comitiva de 15 técnicas e técnicos.

Por meio do projeto Consórcios Agroecológicos com Algodão Mocó, financiado pelo Instituto C&A, o Esplar estimula a produção agroecológica de algodão certificado para o mercado orgânico e o comércio justo

Ao comprar uma peça de roupa, você se questiona sobre a proveniência daquele produto? Afinal, quem fez a roupa que você está usando no momento em que lê este texto? Infelizmente, a maioria dos consumidores não é consciente dos malefícios que a cadeia de produção da moda pode trazer para milhares de trabalhadores ao redor do mundo. Há cincos anos, ocorreu o desabamento do prédio Rana Plaza, em Bangladesh. Em condições precárias, o edifício era utilizado como sede de várias confecções que produziam roupas para o mundo inteiro. Na tragédia, 1.138 pessoas morreram e outras 2.500 ficaram feridas, tornando-se o quarto maior desastre industrial da história.

A partir de então, surgiu um movimento global pela conscientização sobre o impacto da moda em suas fases de produção e consumo e por mais transparência em sua cadeia produtiva, o Fashion Revolution. Presente em mais de 90 países, a iniciativa realiza eventos todos os anos na última semana de abril para celebrar os trabalhadores da indústria da moda e pensar em estratégias para um futuro mais sustentável e justo. Em Fortaleza, a Semana Fashion Revolution segue até a próxima sexta-feira (27). O Esplar foi representado em mesa redonda, ontem (24), pelo agrônomo Waldemar Tillesse, técnico do projeto Consórcios Agroecológicos com Algodão Mocó, financiado pelo Instituto C&A.

Por meio do projeto, o Esplar estimula a ampliação da produção agroecológica de agricultoras e agricultores familiares com algodão certificado para o mercado orgânico e o comércio justo (nacional e internacional). Em 2018, 186 beneficiadas e beneficiados do projeto recebem acompanhamento técnico em suas unidades familiares de produção e passam por processos formativos que possibilitam a continuidade e/ou obtenção da certificação orgânica no modelo participativo.

Waldemar Tillesse falou durante o evento sobre a experiência de produção de algodão agroecológico no interior do Ceará. O debate foi conduzido pela design de moda Beatriz Guedes, com a participação de Lorena Delfino, responsável pelo Fashion Revolution no Ceará, Renata Santiago, fundadora da marca “Moda Para Mim”, e Gabrielle Barbosa, do Donatila Brechó. De acordo com Waldemar, o momento possibilitou que pessoas envolvidas com a indústria da moda refletissem sobre suas responsabilidades com a sustentabilidade dessa cadeia. “Apresentamos a cadeia produtiva do algodão, elo primário da indústria da moda, e detalhamos a atual situação, seus avanços e desafios”, conta o agrônomo.

Conforme o técnico do Esplar, entre os participantes, era perceptível o desejo de não mais compactuar com o atual modelo convencional de produção, que degrada o meio ambiente e explora a mão-de-obra de jovens e mulheres sem nenhuma preocupação com a saúde, seja no meio rural, na produção das matérias-primas, nas pequenas facções encontradas facilmente nas periferias de Fortaleza ou nos grandes fabricantes. “Ao longo do debate, a pergunta mais recorrente foi: onde está o algodão agroecológico do Ceará?”, revela.

Atualmente três associações de agricultoras e agricultores familiares estão comprometidas em produzir e comercializar o algodão agroecológico no Ceará: a Associação de Certificação Participativa Agroecológica (ACEPA); a Associação Agroecológica de Certificação Participativa Inhamuns/Crateús (ACEPI); e a Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (ADEC).

De acordo com Waldemar Tillesse, o algodão é produzido em Unidades Familiares Produtivas (UFP), no modelo de Consórcios Agroecológicos, que consiste em cultivar o algodão em faixas alternadas com culturas alimentares e/ou forrageiras, sem utilizar agrotóxicos, adubos químicos, sementes transgênicas e/ou que passarão por tratamento químico, diminuindo a dependência por insumos externos. Além disso, o agrônomo ressalta que o plantio e o manejo das áreas são realizados utilizando práticas conservacionistas de solo e água. “Além do algodão, a produção primária vegetal possui certificação orgânica, seja no modelo participativo (ACEPA e ACEPI) ou por auditoria (ADEC)”, pontua.

SAIBA MAIS

No ano de 2017, 107 agricultores/as produziram em seus consórcios 9614 quilos de pluma de algodão:

ADEC - Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá
Área de atuação: localidades rurais dos municípios de Independência e Tauá de com sede em Tauá
Sócios/as: 61
Produziram pluma de algodão em 2017: 32 Agricultores/as - 4500 quilos de pluma

ACEPI - Associação Agroecológica de Certificação Participativa Inhamuns/Crateús
Área de atuação: localidades rurais dos municípios de Crateús, Monsenhor Tabosa, Nova Russas, Tamboril
Sócios/as: 86
Produziram pluma de algodão em 2017: 34 Agricultores/as – 1016 quilos de pluma

ACEPA - Associação de Certificação Participativa Agroecológica
Área de atuação: localidades rurais dos municípios de Quixeramobim, Quixadá e Choró
Sócios/as: 87
Produziram pluma de algodão em 2017: 41 Agricultores/as – 4098 quilos de pluma

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